Wednesday, July 25, 2007

PORQUE 06 É MELHOR QUE 05

Resolvi participar da proposta lançada por colegas da blogsfera declinando seis livros da minha preferência. Os títulos se restringem à literatura e ao romance enquanto gênero, elidindo a poesia, teatro, crítica, etc. Não há ordem de preferência, importância ou cronologia histórica.

IRMÃOS KARAMAZOV - Dostoievski


O HOMEM SEM QUALIDADES - Robert Musil



A MORTE DE VIRGÍLIO - Hermann Broch



O ATENEU - Raul Pompéia



A FAMÍLIA MOSKAT - Isaac Banshevis Singer


O PLANETA DO SR. SAMMLER - Saul Bellow



Tuesday, July 24, 2007

LA CHUTE DE LA MASION USHER - LE CINÉMA DU DIABLE



As leis do comércio e da indústria não permitem que se substraia por muito tempo o cinema da narração. Mas nem por isso Jean Epstein renunciou às suas pesquisas formais e inseriu, como contrabando, temas e variações visuais em La Chute de La Masion Usher (1927). Todos os recursos fílmicos são convocados e explorados para compor "sinfonais visuais e rítmicas": montagem acelerada, câmeras lentas, duplas exposições simples ou múltiplas, passagem ao negativo, imagens flous, jogos sobre motivos visuais, trabalho do preto e branco. A intriga às vezes arrasta-se para ceder lugar a passagens brilhantes: a noite de espera angustiada, durante a qual a montagem compõe um universo fantástico onde se interpenetram os movimento interiores dos personagens e as forças naturais e sobrenaturais que resultam na "ressureição" de Lady Madeline, a esposa morta.

Saturday, July 21, 2007

LEITURA DE FÉRIAS


Desde alguns anos que o cinema independente americano tem sido pilhado e usado pelo mainstream para compensar a falta de criatividade e estagnação que o atual status quo cinemático dos majors studios americanos têm sofrido. Um fenômeno cíclico que remota aos anos 1950, com claras mudanças nas duas décadas posteriores. Mas, de qualquer maneira, existem, como sempre existirão, aqueles realizadores/cineastas que nunca conseguiram ser completamente assimilados/digeridos pelo mainstream ou que, embora por vezes apoiados por figuras ligadas a esses mesmos estudios, conseguem rejeitar a massificação cultural que se tornou o atual cinema. The Village Voice Film Guide: 50 Years of Movies from Classics to Cult Hits (2002) é uma singela coleção de ensaios editados por Dennis Lim que revela alguns dos nomes e filmes que estiveram ou estão às margens do atual cinema americano, revelando reflexões acadêmicas de nomes tão dispares como Abel Ferrara, Warhol, Melvin Vam Peebles, Cassavetes, Doris Wishman ou H.G. Lewis, refletindo ainda sobre gêneros como o atual cinema de terror 'avantgarde' e 'realista' (entrando pelo universo proibido dos snuffs), dos experimentals movies realizados em Manhattan ou dos infames e renegados sexploitation movies. Recomendado, também, aos interessados pela cena artística independente de NYC.

Friday, July 20, 2007

POINT BLANK

Lee Marvin quase dizima todo o elenco deste clássico de John Boorman (1967) atrás do seus US$ 90 mil, incluindo todos os sócios de uma coorporação criminosa. Conselho: caso deva grana à Marvin, pague-o, mesmo recorrendo à agiotas.

Wednesday, July 18, 2007

A MATERIALIDADE DA ANÁLISE FÍLMICA

O Gabinete do Dr Caligari

M, o Vampiro de Düsseldorf


A armadilha consiste em "ler" num filme toda a sociedade e a história do tempo, presentes, passadas e principalmente futuras - quantas análises de Gabinete do Doutor Galigari, ou de M, o Vampiro de Düsseldorf dão a entender que seus autores haviam predito Hitler e o Nazismo... Interpretação retroativa que convém temperar e atribuir bem mais à intenção do analista do que à da obra ou do autor. A não ser que nos deixemos conduzir pelos supostos poderes mágicos da sétima arte: nesse caso, o analista corre muito o risco de não passar de um cinéfilo...

Tuesday, July 17, 2007

BEVERLY GARLAND







Beverly Garland, prolífica atriz de clássicos B low-budget, sci-fi flicks e drive-in movies, mas também inúmeros filmes e programas para a TV, estrelou dramas como Naked Paradise (1959), produzido pela Paramount, o noir tardio Steel Jungle (1956), da Warner, o improvável Curucu, Beast of the Amazon (1956) e Alligator People (1959); mas foi com o schlock It Conquered The World (1956), dirigido por Roger Corman, que a atriz revelou todo o seu potencial dramático. Ao contrário de outras Screaming Queens da era dos filmes de monstros, como Susan Cabot, Peggie Castle, Mara Corday, Faith Domergue, a Srta. Garland não gritava, mas sim chorava (!) Não é para menos, fugir de um monstrengo em forma de pepino, aguentar Lee Van Cleef posando de cientista portador de ideiais pacifistas e ter a certeza irrefutável de que agora a terra realmente seria destruída por alienígenas levaria qualquer um ao esgotamento nervoso.

Monday, July 16, 2007

A CAIXA DE PANDORA




Nos filmes alemães, a sombra se torna a imagem do Destino. Pode acontecer da sombra ser substituída por uma forma sombria tomada a contraluz, como em A CAIXA DE PANDORA (Die Büschse der Pandora), de Pabst, onde aparece a silhueta de Jack, o Estripador, diante do cartaz que enumera seus crimes, como na peça expressionista de Franz Werfel, Der Spigelmensch (O Homem Espelho), na qual os personagens lutam desesperadamente para escapar ao “mundo-espelho” que reflete apenas formas caricatas.
Os filmes alemães trarão os estigmas dessa época: implacáveis imagens de uma sociedade em ruínas.
Os planos de Pabst são longos, pesados, explícitos demais ou simplesmente banais. A reação psíquica de cada um dos personagens é mostrada em excessivos planos aproximados, longos demais e pesadamente entrecortados. Tais análises psicológicas, contrárias aos preceitos expressionistas e tratadas de modo sobreduto naturalista, prefiguram o método que Pabst adotará mais tarde, em suas últimas produções. Para Murnau, como também para Pabst, o rosto de um ator torna-se uma espécie de paisagem que o olho inquirido da objetiva explora incansavelmente até nos recantos mais secretos, descobrindo sem cessar ângulos novos, imprevistos e surpreendentes, novas superfícies a iluminar, ou saiba extrair e desenvolver de maneira extremamente convincente a vida latente que há em toda mulher, in casu, LOUISE BROOKS. Através de Louise Brooks, cuja profunda capacidade de intuição é meramente passiva aos olhos do espectador ingênuo, mas que soube estimular ao extremo o talento de um diretor ademais desigual, Pabst se deixa levar pelo seu fraco por uma atmosfera flutuante ou pelo claro-escuro de contrastes violentos, evoluindo claramente do expressionismo tardio para o naturalismo iniciante, distanciando, assim, cada vez mais da atmosfera ínsita na peça de Wedekind.

Wednesday, July 11, 2007

SUBWAY SECT


Enquanto os Pistols, Damned, Slits, London vociferaram contra o status quo do pop britânico, utilizando como munição a torpe linguagem cockney dos bairros pobres de Londres, Vic Godard, então a frente dos Subway Sect, projetavam olhares lânguidos para a audiência e ressonavam uma gélida poesia que, para muitos, apontavam para todos os discos de capas negras dos anos 1980 (Joy Division, Teardrop Explodes, etc.) Buzzcocks e Subway Sect, subterraneamente revolucionaram o Punk 77`s, muito além das gusparadas, dos cabelos espetados e do dedo em riste, deixando para trás o golpe de Estado punk, rumando para as solitárias deambulações do pop.