Monday, January 19, 2009

DIE ROBOT DIE!


O ator americano Bob May, que ficava dentro de uma fantasia de robô na série "Perdidos no Espaço", sucesso da TV na década de 1960, morreu neste domingo (18) aos 69 anos.

Monday, January 12, 2009

FUNERAL PARADE OF ROSES


Toshio Matsumoto é - com Susumu Hani e Hiroshi Teshigahara - um dos três realizadores que no princípio dos anos 60 (finais de 1950) instituiram (antes da liberdade 0da Nouvelle Vague Shochiku: Oshima, Yoshida e Shinoda) o termo independente ao cinema japonês, este último na altura completamente governado pela política de estúdios. Começando com documentários influênciados por uma espécie de moda neo-realista ou cinema-verité, as primeiras quatro obras de Matsumoto (o recém-encontrado "Bycicle in a dream", "The Weavers of Nishijin", "The Song of Stone" e "Mothers") são pequenos exercícios documentais, tentando tirar ao real alguma da sua vitalidade e vibração, mas sempre obdecendo aos cânones de apresentação filmada com intuitos de espectador. Depois disso, já nos finais dos anos 60, Matsumoto afirma-se como um vanguardista. Se na altura disse que Yoshida a partir do seu Eros plus Massacre (1969) era formalmente o mais apurado de toda a Nouvelle Vague Japonesa, então Toshio Matsumoto é o seu verdadeiro ex-aequo: a começar com o grandioso "Funeral Parade of Roses" (1969) que já estava prefigurado na sua curta do mesmo ano, "For the Right Damaged Eye". Matsumoto aqui junta-se às considerações dos seus contemporâneos (nomeadamente Oshima com o seu "Diary of a Shinjuku Thief" (1968) sobre a veracidade da coisa filmada, e relega o discurso fílmico para a falsidade do processo, ecoando uma tragédia clássica edipiana com um travesti e seu pai, sem embargo da influência homoerótica de Jean Genet. Eis que a pós-modernidade destrói a obra, e Funeral Parade of Roses torna-se no anti-filme do movimento por excelência. Depois, "Shura" ou Demons (1971) ou como aterrorizar a plateia. Matsumoto continuando a sua descontrução cinemática, disseca o gênero chambara (ou filmes de sabre), tornando-o numa verdadeira ode à carnificina, tragédia fechando-se nela mesma, espectáculo bizarro de vingança. "Shura" é outro das preciosidades da Nouvelle Vague e continua como sendo um dos seus pesadelos mais eficazes. Porém após "Shura", Matsumoto vira-se quase exclusivamente para o registo da curta-metragem, com o qual se tinha iniciado. Embora tenha feito alguns prodígios nesse registo ao longo dos anos 1970 e 80 (deixando-nos uma obra em video invejável), há um sentimento de rígida incompletitude que prevalece.

Tuesday, January 06, 2009

MARX BROS


Neste Natal apareceu vislumbrei uma edição dos filmes mais emblemáticos dos Irmãos Marx, fase Paramount. Comprei-a. Há uma cena nos Irmãos Marx no Far West onde eles usam toda a estrutura do comboio como combustível para atingirem o seu destino. E, na aflição de manter a locomotiva em andamento, nos equilíbrios difíceis de transportar, até lá, os destroços das carruagens desmanteladas, Harpo, diligente, mas azarado, perde a maior parte das tábuas pelo caminho. Quando vi esta cena, lembrei-me do Presidente Lula.
Os extras (sessões comentadas, entrevistas e materiais de arquivo) acompanham, em seu frenesi verborrágico, o pacote dos seis filmes que os irmãos Marx fizeram na MGM. Pena que todo o palavrório não venha com tradução à altura: no que depender das legendas, o público brasileiro vai ficar sem entender o essencial do humor dos Marx, seus trocadilhos.Talvez seja exigir demais do mercado brasileiro de DVDs, mas os Marx continuam a merecer uma tradução mais inventiva. A cada trocadilho, seria preciso colocar entre parênteses o segundo sentido: quando Groucho fala, em "Uma Noite na Ópera" (1935), por exemplo, em "sanity clause" (cláusula de sanidade), seria preciso colocar entre parênteses "Santa Claus" (Papai Noel). Nos filmes dos Marx, o duplo sentido está por todo lado, até nas mímicas de Harpo. Não são apenas as palavras que escorregam para um outro sentido, mas a própria identidade dos personagens. Eles nunca são o que parecem, um pouco como os móveis multifuncionais de "A Grande Loja"."Afinal, o que você é? Detetive, gerente ou poeta?", pergunta a Groucho o vilão dessa comédia de 1941. "Os três, e ainda bom de cama", responde, piscando para a parceira Margaret Dumont. Eterno impostor, Groucho continua a bancar, nos filmes da fase MGM, a falsa autoridade que seduz, explora e esculhamba as viúvas (des)respeitáveis encarnadas por Dumont, vítima preferencial da verve antiestablishment dos Marx desde 1925. A diferença para os filmes dos Marx na Paramount, feitos na era pré-Código Hayes (de censura) de Hollywood, é que Groucho passa a ter de responder por sua farsa, sendo a todo momento inquirido. Seja como for, Groucho se vira: em sua esquizofrenia verborrágica, antecipa as conversas tresloucadas das "screwball comedies", auge do cinema falado norte-americano. Harpo Marx continua a compor, com Chico, a tropa de choque do grupo, sempre no papel do criado de fidelidade duvidosa, mas deixa de ser, nos filmes da Metro, um perseguidor de loiras. Os Marx da fase na Metro são, de modo geral, menos livres e gratuitos do que na fase da Paramount. Tiveram de se conformar tanto ao Código Hayes quanto ao padrão MGM, mas não deixaram de demonstrar gratidão para com o responsável por essa conformação, o produtor Irving Thalberg. O nome de Thalberg não consta nos créditos. Ele achava que alguém que estivesse na posição de dar créditos a si mesmo não tinha o direito de fazê-lo, mas, não fosse ele, os Marx teriam, provavelmente, botado as barbas de molho depois do fracasso de público de "Diabo a Quatro" (1933). Sob a tutela de Thalberg, as comédias caóticas dos Marx ganham a linearidade dos pequenos dramas hollywoodianos: são sempre histórias de jovens casais cujo casamento é ameaçado pela ganância de um terceiro. Ganham também aquele aspecto suntuoso e um tanto "démodé" das grandes produções da Metro, figurinos e cenários classudos, números musicais grandiloqüentes. Os filmes dos Marx na MGM envelheceram mais do que os da Paramount. "Um Dia nas Corridas" menos do que "Uma Noite na Ópera".