Sunday, November 09, 2008

CHELSEA GIRLS







Para mim a promessa da Magnus Opus ainda está valendo.

FOR ME AND MY GAL


For Me And My Gal - Soundtrack (By George E. Stoll) (1942)


Track listing1. Main Title (01:43)2. Vaudeville Routine (Harry Palmer's Act) (01:33)3. Jimmy K. Metcalfe & Company: The Doll Shop, Part I (00:47)4. Jimmy K. Metcalfe & Company: Oh, You Beautiful Doll (00:36)5. Jimmy K. Metcalfe & Company: The Doll Shop, Part I continued (extended version) (01:20)6. Jimmy K. Metcalfe & Company: Don't Leave Me, Daddy (01:00)7. Jimmy K. Metcalfe & Company: Oh, You Beautiful Doll reprise (01:02)8. Jimmy K. Metcalfe & Company: The Doll Shop, Part 2 (01:05)9. Jimmy K. Metcalfe & Company: By The Beautiful Sea (01:27)10. Jimmy K. Metcalfe & Company: Darktown Strutters Ball (extended version) (00:46)11. For Me And My Gal (05:07)12. The Confession (01:07)13. Vaudeville Montage: When You Wore A Tulip (01:43)14. Vaudeville Montage: Don't Bite The Hand That's Feeding You (outtake) (01:15)15. Do I Love You? (03:03)16. It Started With Eve (01:12)17. A Women's Prerogative (00:50)18. After You've Gone (02:18)19. The Spell Of The Waltz (outtake) (05:01)20. Love Song (extended version) (04:50)21. A Dream Crashes (01:36)22. I'm Sorry I Made You Cry (outtake) (00:58)23. Tell Me (outtake) (00:59)24. Tell Me reprise (02:00)25. Till We Meet Again (01:18)26. We Don't Want The Bacon, What We Want Is A Piece Of The Rhine (extended version/alternate ending) (02:16)27. Ballin' The Jack (02:28)28. The Small Time (extended version) (02:53)29. What Are You Going To Do About The Boys? (extended version) (01:23)30. How 'Ya Gonna Keep 'Em Down On The Farm? (01:39)31. There's A Long, Long Trail (02:48)32. Where Do We Go From Here? (00:56)33. Y.M.C.A Montage: Part I Over There It's A Long Way To Tipperary (00:54)34. Y.M.C.A Montage: Part 2 Y.M.C.A. Montage continued Goodbye Broadway, Hello France (00:23)35. Y.M.C.A Montage: Part 3 Yankee Doodle Smiles (00:21)36. Y.M.C.A Montage: Part 4 Hincky Dinky Parlay Voo (Mad'moiselle From Armentičres) Oh Frenchy (00:27)37. Part 5 Y.M.C.A. Montage continued Pack Up Your Troubles In Your Old Kit Bag And Smile, Smile, Smile (00:50)38. When Johnny Comes Marching Home (extended version) (01:07)39. Finale (For Me And My Gal reprise) (01:14)40. Supplemental Material: Main Title (alternate version) (01:20)41. Supplemental Material: Dear Old Pal Of Mine (outtake) (03:10)42. Supplemental Material: Smiles (extended version/outtake) (00:40)43. Supplemental Material: Three Cheers For The Yanks (outtake) (02:29)44. Supplemental Material: For Me And My Gal (original finale/outtake) (02:27)Total Duration: 01:14:21

GERARD DAMIANO






Não esqueci, não. AGOSTO/1928 + OUTUBRO/2008
Como dizia John Waters no documentário de inside the Deep Throat, muito do cinema avantgarde americano dos anos 1970 foi apenas uma desculpa para mostrar sexo, algo que ele mesmo usou como desculpa para se tornar o venerável autor que hoje é. Tal é suficiente óbvio quando Waters é um dos primeiros convidados a ter o seu dizer no recente Inside Deep Throat (2005), um documentário que junta numa preciosa hora e meia algumas das figuras mais reconhecíveis da cultura americana comentando a importância vital do influente e infame Deep Throat (1972), juntando a estes mesmo comentadores alguns dos intervenientes diretos da equipe que produziu o mais lucrativo filme de sempre na história do cinema. A desculpa de Fenton Bailey e Randy Barbato ao realizarem este valioso pedaço de história é a de contarem como o filme que começou toda a indústria pornográfica (como a conhecemos atualmente) foi inocentemente produzido e os acontecimentos fora de controle que originou, levando a reações negativas espantosas de alguns intervenientes políticos e da sociedade civil dos anos 1970 americanos, que indiretamente ajudaram a compor o mito e o lançaram para o centro da cultura pop da altura. Inside Deep Throat consegue relatar não só a história bizarra imaginada pelo então cabeleireiro swinger Gerard Damiano, a forma como conseguiu juntar uma estranha equipe de produção e de como tornou uma garota de província chamada Linda Boreman, com invulgares 'dotes representativos' e um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1970, como também se debruça de forma global sobre todo o resto que envolveu este filme em atos judiciais durante mais de 10 anos e moldou alguns dos atos moralistas de 02 presidentes americanos durante décadas. Se este documentário consegue mostrar ambos os 'lados das barricadas' de uma forma equilibrada (refiro-me aos 'acusadores' e 'condenados', por terem tomado parte num dos maiores atos de vandalismo cultural que descompôs a hipócrita moralidade da época), é também mostrado a forma como toda a indústria cinematográfica mudou, quando a maior parte dos grande estúdios estavam na corda bamba com uma das maiores crises financeiras desde os anos 30, e das confiantes perspectivas de muitos produtores de pornografia tinham ao fazer o gênero quase chegar ao mainstream. E se talvez este documentário tente não entrar pelo caminho da exploração humana que a indústria tinha (e tem) inerente às suas práticas, existem também curiosas pistas de como alguns dos intervenientes se tentaram afastar e até ajudar a combater a indústria pornográfica (como claramente fez Linda 'Lovelance' Boreman) e ainda desvelar (com algum pudor) do staff criminal que financiou o filme e que obteve a esmagadora fatia do lucro, apenas para concluir que com o evoluir do gênero, algo que uma vez foi considerado uma atividade artística - e a palavra artist é frequente pronunciada neste documentário - e que é agora apenas uma indústria interessada em ter o máximo de lucro possível por muito pouco a oferecer. Se actualmente o DVD de Deep Throat aparece não na 'prateleira do fundo' de qualquer sex shop, mas nas prateleiras de cinema mainstream de qualquer megastore (pelo menos na 'Gringa') é porque atualmente esta relíquia do camp dos anos 70 ganhou o seu merecido estatuto e este magnífico documentário consegue, apenas com algumas falhas revisitar (talvez até pelo tipo de formato, já que esta história poderia ser tão longa como uma telenovela) , explicar e validar como este é um dos mais influentes filmes da história do Cinema.

Sunday, November 02, 2008

WHERE THE SIDEWALKS ENDS





No seu primeiro 'combate verbal' durante o filme, o duro detetive Mark Dixon (Dana Andrews) tenta interrogar com os seus métodos particulares o seu eterno inimigo Tommy Scalise (Gary Merrill), recebendo de volta as linhas de diálogo que dão nome a Where the Sidewalks Ends (1950). Este curto e brusco diálogo é de resto finalizado próximo ao final do filme, criando uma 'suspensão', durante a qual a narrativa desvela que entre as alturas morais das forças policiais e da law enforcement e o submundo perfído de Scalise, sempre nas sombras, a diferença será apenas na 'iluminação social' e não na moralidade. Poderá não ser o melhor momento da carreira de Otto Preminger, ainda na 'ressaca' do sucesso da sua primeira obra-prima (Laura de 1944), mas Where the Sidewalks Ends é um dos filmes contidos num período entre 1945 (ano do 'fetichista' Fallen Angel) e 1952 (com Angel Face, com Robert Mitchum), onde o realizador definiu de forma definitiva os canones do Film Noir, reformulando as anteriores influências para criar um gênero realmente americano, se tal poderá ser afirmado. Relativamente esquecido (e antecedido do grande Whirpool, também com Gene Tierney), Where the Sidewalks Ends é no entanto um dos filmes centrais de Preminger, sendo uma ponte entre o êxito do estranho conto necrofílico de Laura e o noir de rigeur do já citado Angel Face. Revolvendo, como em quase todas as obras do realizador nesse período, na sensação de confusão - e culpa - que as suas personagens sentem devido à não separação entre o 'dever profissional' ou moral e a obsessão mais primária e obscura (não será em vão o uso novamente da palavra fetichismo para descrever alguns dos comportamentos de Dana Andrews neste filme), Where the Sidewalks Ends torna-se no entanto simplista na forma em como são conduzidas as personagens durante o filme, para depois 'explicar' a sua estranha linearidade com uma frágil carga de redenção que Mark Dixon tenta carregar, negando o seu 'batismo de rua'. E são mais esses momentos finais e não tanto um denso jogo de investigação, que 'reabilitam' o filme, fazendo entender as complexidades das personagens. Mostrando de forma inequívoca o gênio criativo de um dos maiores realizadores americanos de sempre, que sempre soube aproveitar os poucos recursos (tal como muitos dos seus 'irmãos' no film noir) para fazer algumas das maiores obras dos 40´s e 50´s, este será um daqueles noir que, mesmo parecendo superficial e sendo talvez o mais 'temperamental' das obras do realizador neste período, deverá ser redescoberto na excelente obra de Preminger.

BELA TARR




Assisti ontem "Damnation", do já mítico, mas ainda bem vivo, autor húngaro Béla Tarr. Béla Tarr é um dos gigantes do cinema mundial. Filma a preto e branco porque as cores dão uma trabalheira a danada. As personagens são "cães vadios" acossados por uma fome, um vazio, um silêncio que não se explica. Vagueiam por uma europa do leste em escombros, reflexo da desolação interior que os rói sem piedade... nós assistimos a tudo sem esperança alguma... corpos vazios cantam-se abraçando-se em bailes de sombras... não há redenção alguma, talvez só lampejos, aqui e ali, de uma normalidade impossível. Ao contrário do que possam ler, não pensem em Andrei Tarkovsky . A desolação aqui é absoluta: humana, plástica, cósmica... Segundo palavras do próprio Béla Tarr, "a única esperança é que se vejam os meus filmes". Eu arrisco-me a dizer um pouco mais: a única esperança é perceber que eventualmente pode não haver esperança alguma.
Fica a vontade de ver o mais recente filme, "Werckmeister Harmonies", e sobretudo o sonho de um dia poder ver o aparentemente épico e diabólico "Satántango", "pequeno" filme de sete horas e meia.