O Sonho e a Náusea, a Psicanálise e o Existencialismo, eram ambos referências constantes no filme. A psicanálise prestava-se à análise de personagens moral e psicológicamente perturbados. A misoginia latente explicava-se no novo papel adquirido pelas mulheres quando da entrada destas no mercado de trabalho, à partir da 2a grande guerra. A alienação, a solidão, a ausência de sentido, o absurdo da existência, o vazio, compõem a atmosfera existencial de um héroi desenraizado e praticamente desintegrado, inexistente, anti-héroi.
Alguns filmes Noir trazem, dentre de suas próprias convenções, a mesma complexidade e a mesma dificuldade de classificação que as demais modalidades filmicas americanas. Portanto, seria NIGHT EDITOR um bom filme noir? Parece-me que a resposta é negativa, embora, haja grandes momentos e excelente atmosfera, principalmente pela presença magnética da vamp/femme fatale Jill Merrill (Janes Carter), uma mulher da alta sociedade, casada, amante de um policial de vida dupla, Tony Cochrane (Willian Gargan)
Lançado como um plot do que deveria ser uma série televisiva – mas que nunca ganhou existência – NIGHT EDITOR foi baseado no programa de rádio Hal Burdick, que, por sua vez, se baseia na historia Inside Story.
Numa redação de jornal, em flashback, jornalistas comentam a asfixiante historia do policial Cochrane, homem casado e pai de um garoto que o ama, amante de uma mulher rica, a insaciável Jill Merrill, que tenta se livrar das amarras de um relacionamento moralmente condenável que se torna, também, uma teia de aranha de amarras criminosas.
Na tentativa de se livrar do relacionamento com a amante, Tony Cochrane leva Merrill de carro até um penhasco na beira da praia, local costumeiro de outros encontros do casal. Os dois presenciam a chegada de um segundo veiculo no qual ocorre uma discussão seguida de um brutal assassinato. Merrill se sente sexualmente excitada pelo crime, tentando, inclusive, ver o corpo da mulher morta pelos golpes de uma barra de ferro, impedida por seu ora perplexo amante.
Como policial Cochrane não pode denunciar o crime e nem mesmo investigá-lo, sob pena de revelar sua infidelidade e expor sua família a um escândalo.
A despeito da excelência visual e de boas seqüências, esse pequeno Low Budget Noir produzido pela Columbia infelizmente sucumbe à falta de sua substancia do roteiro, atores ineptos e uma certa delimitação e incongruência no agir dos personagens.