MARX BROS
Neste Natal apareceu vislumbrei uma edição dos filmes mais emblemáticos dos Irmãos Marx, fase Paramount. Comprei-a. Há uma cena nos Irmãos Marx no Far West onde eles usam toda a estrutura do comboio como combustível para atingirem o seu destino. E, na aflição de manter a locomotiva em andamento, nos equilíbrios difíceis de transportar, até lá, os destroços das carruagens desmanteladas, Harpo, diligente, mas azarado, perde a maior parte das tábuas pelo caminho. Quando vi esta cena, lembrei-me do Presidente Lula.
Os extras (sessões comentadas, entrevistas e materiais de arquivo) acompanham, em seu frenesi verborrágico, o pacote dos seis filmes que os irmãos Marx fizeram na MGM. Pena que todo o palavrório não venha com tradução à altura: no que depender das legendas, o público brasileiro vai ficar sem entender o essencial do humor dos Marx, seus trocadilhos.Talvez seja exigir demais do mercado brasileiro de DVDs, mas os Marx continuam a merecer uma tradução mais inventiva. A cada trocadilho, seria preciso colocar entre parênteses o segundo sentido: quando Groucho fala, em "Uma Noite na Ópera" (1935), por exemplo, em "sanity clause" (cláusula de sanidade), seria preciso colocar entre parênteses "Santa Claus" (Papai Noel). Nos filmes dos Marx, o duplo sentido está por todo lado, até nas mímicas de Harpo. Não são apenas as palavras que escorregam para um outro sentido, mas a própria identidade dos personagens. Eles nunca são o que parecem, um pouco como os móveis multifuncionais de "A Grande Loja"."Afinal, o que você é? Detetive, gerente ou poeta?", pergunta a Groucho o vilão dessa comédia de 1941. "Os três, e ainda bom de cama", responde, piscando para a parceira Margaret Dumont. Eterno impostor, Groucho continua a bancar, nos filmes da fase MGM, a falsa autoridade que seduz, explora e esculhamba as viúvas (des)respeitáveis encarnadas por Dumont, vítima preferencial da verve antiestablishment dos Marx desde 1925. A diferença para os filmes dos Marx na Paramount, feitos na era pré-Código Hayes (de censura) de Hollywood, é que Groucho passa a ter de responder por sua farsa, sendo a todo momento inquirido. Seja como for, Groucho se vira: em sua esquizofrenia verborrágica, antecipa as conversas tresloucadas das "screwball comedies", auge do cinema falado norte-americano. Harpo Marx continua a compor, com Chico, a tropa de choque do grupo, sempre no papel do criado de fidelidade duvidosa, mas deixa de ser, nos filmes da Metro, um perseguidor de loiras. Os Marx da fase na Metro são, de modo geral, menos livres e gratuitos do que na fase da Paramount. Tiveram de se conformar tanto ao Código Hayes quanto ao padrão MGM, mas não deixaram de demonstrar gratidão para com o responsável por essa conformação, o produtor Irving Thalberg. O nome de Thalberg não consta nos créditos. Ele achava que alguém que estivesse na posição de dar créditos a si mesmo não tinha o direito de fazê-lo, mas, não fosse ele, os Marx teriam, provavelmente, botado as barbas de molho depois do fracasso de público de "Diabo a Quatro" (1933). Sob a tutela de Thalberg, as comédias caóticas dos Marx ganham a linearidade dos pequenos dramas hollywoodianos: são sempre histórias de jovens casais cujo casamento é ameaçado pela ganância de um terceiro. Ganham também aquele aspecto suntuoso e um tanto "démodé" das grandes produções da Metro, figurinos e cenários classudos, números musicais grandiloqüentes. Os filmes dos Marx na MGM envelheceram mais do que os da Paramount. "Um Dia nas Corridas" menos do que "Uma Noite na Ópera".
Os extras (sessões comentadas, entrevistas e materiais de arquivo) acompanham, em seu frenesi verborrágico, o pacote dos seis filmes que os irmãos Marx fizeram na MGM. Pena que todo o palavrório não venha com tradução à altura: no que depender das legendas, o público brasileiro vai ficar sem entender o essencial do humor dos Marx, seus trocadilhos.Talvez seja exigir demais do mercado brasileiro de DVDs, mas os Marx continuam a merecer uma tradução mais inventiva. A cada trocadilho, seria preciso colocar entre parênteses o segundo sentido: quando Groucho fala, em "Uma Noite na Ópera" (1935), por exemplo, em "sanity clause" (cláusula de sanidade), seria preciso colocar entre parênteses "Santa Claus" (Papai Noel). Nos filmes dos Marx, o duplo sentido está por todo lado, até nas mímicas de Harpo. Não são apenas as palavras que escorregam para um outro sentido, mas a própria identidade dos personagens. Eles nunca são o que parecem, um pouco como os móveis multifuncionais de "A Grande Loja"."Afinal, o que você é? Detetive, gerente ou poeta?", pergunta a Groucho o vilão dessa comédia de 1941. "Os três, e ainda bom de cama", responde, piscando para a parceira Margaret Dumont. Eterno impostor, Groucho continua a bancar, nos filmes da fase MGM, a falsa autoridade que seduz, explora e esculhamba as viúvas (des)respeitáveis encarnadas por Dumont, vítima preferencial da verve antiestablishment dos Marx desde 1925. A diferença para os filmes dos Marx na Paramount, feitos na era pré-Código Hayes (de censura) de Hollywood, é que Groucho passa a ter de responder por sua farsa, sendo a todo momento inquirido. Seja como for, Groucho se vira: em sua esquizofrenia verborrágica, antecipa as conversas tresloucadas das "screwball comedies", auge do cinema falado norte-americano. Harpo Marx continua a compor, com Chico, a tropa de choque do grupo, sempre no papel do criado de fidelidade duvidosa, mas deixa de ser, nos filmes da Metro, um perseguidor de loiras. Os Marx da fase na Metro são, de modo geral, menos livres e gratuitos do que na fase da Paramount. Tiveram de se conformar tanto ao Código Hayes quanto ao padrão MGM, mas não deixaram de demonstrar gratidão para com o responsável por essa conformação, o produtor Irving Thalberg. O nome de Thalberg não consta nos créditos. Ele achava que alguém que estivesse na posição de dar créditos a si mesmo não tinha o direito de fazê-lo, mas, não fosse ele, os Marx teriam, provavelmente, botado as barbas de molho depois do fracasso de público de "Diabo a Quatro" (1933). Sob a tutela de Thalberg, as comédias caóticas dos Marx ganham a linearidade dos pequenos dramas hollywoodianos: são sempre histórias de jovens casais cujo casamento é ameaçado pela ganância de um terceiro. Ganham também aquele aspecto suntuoso e um tanto "démodé" das grandes produções da Metro, figurinos e cenários classudos, números musicais grandiloqüentes. Os filmes dos Marx na MGM envelheceram mais do que os da Paramount. "Um Dia nas Corridas" menos do que "Uma Noite na Ópera".
1 Comments:
Os irmãos Marx Eu vi eles algumas vezes na televisão. Grandes comediantes. Que o cinema silencioso capaz de brincar com coisas para todas as pessoas, situações que podem ser encontrados em todos os cantos do mundo.
Sabe, aqui na Itália. Fomos apanhados por uma claque de actores de má qualidade, com o salário de um capocomico que só um interesse. E apesar de tudo, para rir e gastar continuamo feliz ...
Talvez exista svegkieremo, um dia, como Pinóquio, no país de BALOCCHI. E depois chorar.
Você conhece o conto de Pinóquio? O original é, de Carlo Collodi. Imitação de hoje é Berlusca e companheiros ...
(The Marx brothers I saw them sometimes on television. Great comedians. That the silent cinema able to play with things to all people, situations which can be found in every corner of the world.
I knew, here in Italy. We were caught by a claque of actors of poor quality, in the pay of a capocomico that only an interest. And despite everything, continuamo to laugh and spend happy ...
Perhaps there svegkieremo, one day, like Pinocchio, in the country of Balocchi. And then cry.
You know the tale of Pinocchio? The original is by Carlo Collodi. Imitation of today is Berlusca and companions ...)
Google traslator.
Tell me wich is yuor prefered traslation.
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home