VOCÊ É PARENTE DELE?
Com honráveis excessões, aliás ( Reichenbach, alguns Sganzerlas, Joaquim Pedro, Sarraceni, a maioria de Gláuber), o cinema brasileiro oscila entre a mediocridade e a falta de idéias, academicismo global da nova produção ou a improvisação tosca, que pega carona na exaltação preguiçosa, típica de nossos trópicos, de que 'a criatividade pode tudo', e a forma, rejeitada. Os mestres inovadores dos anos 196o uniram uma coisa e outra, e mesmo quando brutalmente experimentalistas, tinham, para embasar, uma cultura, uma erudição que a maioria de nossos cineastas globais nunca ousou possuir. Leia-se cultura no sentido nietzcheano: um furacão dinâmico de idéias, sentimentos e impressões que toma a informação ( formação) como um motor propulsor da renovação da vida, e não como mera vitrine de egos.
Tenho cá comigo uma tese: parafraseando o Millor, o cinema é como flor do lodo, quanto menos espaço para a idéia empresarial, quanto menos dinheiro e interesses envolvidos, quanto menos atores globais (principalmente os novos) na jogada, melhor. A dificuldade necessariamente terá de se submeter à criatividade. A história já está escrita: a nossa alegre esquerdinha stalinista, tão arrojada em tempos de pouco liberdade de expressão e pouco dinheiro, hoje, coopta, velozmente, tudo e todos para que o atraso cultural se perpetue. Bat macumba!