Saturday, October 09, 2010

LÈVRES DE SANG - LIPS OF BLOOD, de Jean Rollin


O ocorre na substituiçao é, possivelmente, a passagem do pessoal para outro plano, impessoal, que excede o particular para abarcar um circunstancia comum a espécie humana: a leitura freudiana dos desejos. Assim, mais do que aludir a um contingência individual, a figura imaginaria do castelo em ruínas, a beira de um mar fantasmático, contemplando na juventude, ao lado da mãe cúmplice, remete e vem ampliar a experiência vivida pelo protagonista, conferindo gravidade universal. É precisamente por realizar tal ampliação que Lèvres de Sang (LIPS OF BLOOD, 1975, no titulo inglês), pode ser considerado uma mascara na tradição de Bataille, Sade e Nietzsche. Embora tudo seja dito de forma direta, com uma clareza que raramente cede a enunciados esquivos. Nada há, no desenvolvimento do filme, que desvie a leitura dos propósitos centrais da narrativa: trata-se de um relato seco e despojado – portanto na contramão de Jesus Franco – que evita rodeios expressivos, subterfúgios psicológicos ou evasivas de qualquer outra ordem. Sob esse aspecto, o filme de Jean Rollin é rigorosamente realista. Realismo da narração contrasta, porém, com a irrealidade de cenas narradas. A começar pelos personagens que vivem num universo à parte, onde tudo – ou quase tudo – acontece segundo os imperativos do desejo.

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