Monday, October 19, 2009

SEXPLOITATION MOVIE GALLERY





SEXPLOITATION MOVIE GALLERY





O QUE ESTÁ POR TRÁS DA IMAGEM



Baudrillard, conhecido por seu pessimismo crônico,
em vez de falar de uma “hipnose” exercida pelo cinema, prefere o
termo “desaparecimento”:

Estamos num mundo onde a função essencial do
signo consiste em fazer desaparecer a realidade e ao
mesmo tempo colocar um véu sobre esse desapareci-
mento. Atrás de cada imagem, alguma coisa desapa-
receu (a força do signo da imagem vem menos do
que ela representa e mais da prestidigitação que lhe
é própria).”



Baudrillard não fala, explicitamente, de uma morte
do cinema, mas, quando aponta para um enfraquecimento
geral da representação, ou da perda da relação analógica
entre o signo e o mundo real, com certeza remete sua
ameaça ao espetáculo cinematográfico.

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Sunday, October 18, 2009

CINEMA DA ERA DIGITAL


Quem já participou do processo de realização de um
filme sabe que o verbo “esperar” está presente em todas as
suas fases: espera-se pelas verbas de produção, pela
iluminação do set, pela maquiagem da atriz, pelo processa-
mento do material filmado, pela brecha nos horários da sala
de montagem, etc. Fazer cinema é, naturalmente, uma
atividade lenta. Petit vê nas tecnologias digitais uma
possibilidade de diminuir dramaticamente esta infindável
espera.

REPULSION


O clássico Repulsion (1965) conta com a participação de Catherine Deneuve como Carole, uma tímida e sexualmente reprimida garota belga que vive em Londres com a sua irmã (Yvonne Furneaux) e trabalha num salão de beleza. Quando a sua irmã se ausenta com o namorado para umas férias, Carole é deixada sozinha no apartamento de ambas. Paralisada com medo, evita sair de casa para o emprego e fecha-se no apartamento, onde rapidamente percorre um caminho que a levará à loucura e ao homicídio. Repulsion pertence a uma trilogia que muitos gostam de chamar de “The Apartment Trilogy”, que inclui, para além deste filme, Rosemary’s Baby (1968) e Le Locataire (1976). Ao vermos qualquer um destes filmes torna-se óbvio o título atribuído a esta espécie de trilogia solta. Todos eles têm como temas principais a solidão, o isolamento, a reclusão e a loucura. Têm também um outro “ator principal”, o apartamento numa grande cidade, onde o personagem se isola, dando origem a uma solidão que se pode entender como um “solitário com muita gente”. Estes temas, tornados recorrentes nos filmes de Polanski, encontram em Repulsion a sua representação mais séria, não procurando refúgio em temáticas sobrenaturais ou humor negro. No centro da narrativa, a reclusão de uma personagem, Carol. Esta reclusão, para além de afetar a narrativa, influencia toda uma estética visual. Quando Carol, que sofre claramente de problemas mentais ou psicológicos, cai numa espiral descendente de loucura, é através dos seus olhos que observamos o mundo, o seu mundo.

Quando vemos Repulsion é inevitável não pensarmos no Expressionismo Alemão. Filmes como “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) de Wiene ou “Nosferatu” (1922) de Murnau, são sem dúvida pontos-chave para estabelecermos uma relação e comparação. Totalmente afastado da estética mais teatral do Caligarismo, Repulsion não o recusa quando se trata de caracterizar a deformação do espaço, que através dos olhos da personagem sofre as mais diversas mutações/alterações que ilustram os conflitos internos dessa mesma personagem. O mesmo se passa com o uso do contraste entre a luz e a trevas, neste caso, entre a sanidade e a loucura. Tal como nos primeiros filmes expressionistas, que não eram sonoros e onde os atores se valiam das suas expressões faciais para demonstrarem o que se passava no seu intimo, Repulsion não se refugia nos diálogos para ilustrar o que vai na mente da personagem. Serve-se sim de um silêncio e de uma timidez que, refletidos na face de Catherine Deneuve, se tornam completamente incomodos e aterradores.
Com o decorrer da película é fácil encontrar elementos que se podem associar ao Expressionismo, sejam os grandes planos do rosto da personagem, as rachas das paredes do apartamento que aumentam cada vez que o pânico assalta a personagem, o aspecto orgânico, semelhante a barro, dessas mesmas paredes que retêm em si as marcas do rosto e das mãos de Carol quando esta se encosta a elas, ou até mesmo as mãos que brotam das paredes de um corredor e se esticam para tocar/agarrar a personagem.
O que poderia parecer um simples filme de horror, revela-se muito mais do que isso. Filmado de uma forma fria e analítica, jogando com influências dos mais diversos quadrantes, Repulsion torna-se um estudo clínico sobre a loucura humana, permitindo ao espectador mergulhar na mente da personagem principal sem que a qualquer momento sinta compaixão pela sua desgraça ou a censure pelos seus atos.
Se são claras as correntes que influenciaram Roman Polanski na realização deste filme, é também clara toda a sua genialidade, ao criar uma história que ainda hoje se revela perturbadora e que abriu muitas portas para um género de cinema que se tornou cada vez mais extremo.

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