Wednesday, January 17, 2007

TED V. MIKELS

uma década em que o cinema de tendências B mudou completamente de Rumo (refiro-me aos anos 1960), The Astro Zombies, uma das obras mais relevantes do 'gênero' (no sentido de imagética que gerou culto) e a masterpiece de Ted V. Mikels, condensou cerca de 40 anos de cliches nos vários gêneros e sub-gêneros englobados no cinema que foi inventado para encher as primeiras partes das sessões duplas em salas de exibições cheias de espectadores escapistas e ansiosos por cheap thrills. Esta influente obra do mau gosto realizada em 1969, é um marco temporal no cinema schlock, entendendo-se facilmente que a digestão de cliches apresentados ao longo do filme, quase que são uma carinhosa forma de homenagear algumas das figuras e situações que são atemporais no cinema, mas que por altura dos 60´s foram completamente revistas por uma geração de novos (e não tão novos) cineastas e produtores. Essa 'nouvelle vague', por um lado foi influenciada por linguagens até então consideradas avantgarde (sobretudo os movimentos artísticos ligados à Pop Art ou que tentavam romper com a moral estabelecida) e por outro aumentava a dose de sexo e violência de forma a conseguir vender mais entradas. Basta pensar que o cinema independente do final dos anos 60 já não estava ligado aos gêneros que marcaram o cinema B até aos 50´s (o Noir e policial, o terror e o Sci-fi), mas usava alguns formatos mais experimentais que depois foram consolidados durante os anos 70 (o cinema de detetives e gangs violentos, o sleaze e soft-core, o cinema com serial killers etc...). Astro Zombies é a ponte para estas diferentes eras, apresentando ainda as figuras do cientista louco com o indispensável assistente corcunda, as explicações de ciência de brachola, o sleaze inocente e de contornos 'exóticos' e os Astromen (os produtos das experiências do tal cientista) como figuras basilares desse glorioso cinema feito até ao início dos anos 60, mas também apresenta estruturas narrativas usadas depois em gêneros policiais e aos slasher movies (algumas das cenas lembram o posterior Halloween de Carpenter), adicionando a presença dos perigosos mafiosos e um grupo terrorista (adicionando a subversão contextual típica de alguns subgêneros como o Blaxploitation). E se tudo aqui parece de plástico, se as volumosas cientistas parecem highschool dropouts, o argumento é tão linear que se torna confuso através de uma estranha montagem; e o sangue é visivelmente tinta vermelha, tal se deve ao espírito low budget deste(s) gênero(s), mais preocupados em contar uma história cheia de referências inerentes a certos desejos humanos (Freud explicaria isso com certeza) de forma a dar uma hora e meia de divertimento aos seus espectadores. Esta é uma das obras mais conhecidas dos apreciadores dos B Movies ou fans de Tura Satana (aqui já uma figura relevante no panteão do B devido a Faster Pussycat, Kill! Kill!) mas também uma das obras importantes para aqueles que gostam de viver através do cinema os aglomerados de cultura pop presentes neste formato e as suas inevitáveis mudanças através das décadas de cinema realmente independente e despreocupado com a crítica e as convenções culturais.